TESTEMUNHO: GERCINA CARDOSO CONTA SOBRE A SUA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA DE FÉ

 




Gercina Cardoso -  Por muitos anos dedicou-se ao trabalho pastoral - Foto: Arquivo pessoal  

 Cheguei neste bairro do Buritizal em setembro de 1968. Me considerava católica porque fui batizada, fiz a 1° eucaristia, fui crismada, casei na igreja, porém eu era totalmente afastada de tudo da igreja. Eu tinha muita raiva dos padres e freiras.

  Eu morava na Av. Pedro Lazarino entre Hildemar Maia e Santos Dumont, eu era violenta, muito brigona, brigava com meus vizinhos, com meus filhos, enfim eu era totalmente errada. Certo dia, chegou na minha casa o Bispo D. José Maritano e me convidou para participar de um encontro de igreja chamado Cursilho de Cristandade. Era o 1° Cursilho feminino em Macapá que seria de 31 de janeiro a 03 de fevereiro de 1973. Dei várias desculpas para o bispo e ele sempre dava a solução. Por vergonha de dizer não para o Bispo, disse que iria, mas, pensei comigo mesmo que não ficaria lá por três dias pois começava na 5° feira de noite às 19hrs e só terminava no domingo às 21hrs. Fui com a intenção de fugir do local no dia seguinte.

  Comecei a ouvir as mensagens e aos poucos Deus foi me dominando através daquelas mensagens e fui esquecendo a vontade de fugir. No segundo dia o Pe. Luiz Gemele, um Camiliano do Hospital São Camilo, deu uma mensagem de nome “A GRAÇA” ele foi iluminado por Deus. Enquanto ele falava, algo dentro de mim foi acontecendo e eu fiz uma descoberta, que para muitos é muito comum, parece que todos sabem, eu descobri que “DEUS ME AMA”.

  “Eu sou amada por Deus”. Isto foi muito forte e profundo para mim e comecei a me questionar: Como esse Deus, dono de tudo, me ama tanto a ponto de mandar seu único FILHO morrer para me salvar? E ainda me dá tudo? Sentia dentro de mim uma emoção tão forte, mas ao mesmo tempo uma paz, uma felicidade que nunca tinha sentido e me perguntava: o que estou fazendo na minha vida para retribuir esse amor tão grande?

  Na tarde deste dia chegaram três padres que ficaram à disposição para confissões. Desde que eu casei, onze anos atrás, que não me confessava, fui me confessar e chorei muito nesta confissão, o padre me aconselhou bastante e pediu que eu fosse conversar com Jesus no Sacrário. Não tive coragem durante o dia, mas a noite não conseguia dormir e fui à capela. Eu nunca tinha me aproximado de um Sacrário. Aos poucos fui me aproximando e sentindo aquela presença de Jesus tão forte dentro de mim e comecei a chorar, me sentia tão pequena, mas ao mesmo tempo tão fortalecida, que consegui me aproximar e colocar a mão no Sacrário, e parecia que eu segurava na mão de Jesus e lá fiz uma promessa: Prometi a Jesus que daquele dia em diante eu ia mudar minha maneira de viver, ia fazer o que fosse possível para retribuir um pouco esse amor que Deus tem por mim e pedi ajuda. Pedi que Jesus me mostrasse o que eu poderia fazer para mudar. No decorrer do encontro tive uma ideia: Vou começar pela minha família. Eu já tinha seis filhos, meu filho mais velho tinha 13 anos e eu nunca tinha ensinado um Pai Nosso ou uma Ave Maria a nenhum deles, só eram batizados.

  Comecei reunindo com meus filhos todas as noites e aos poucos fui ensinando as orações com carinho e amor e fui mudando minha maneira de agir. Fui nas casas dos vizinhos pedir perdão e me reconciliar com eles e comecei a participar das atividades de evangelização da igreja, e comecei a ler a bíblia e estudar os documentos da igreja.

 Há 47 anos vivo nessa busca, caindo e levantando, errando e procurando acertar, vou caminhando com meus defeitos e meus pecados, mas de uma coisa e tenho certeza: “EU SOU MUITO AMADA POR DEUS”. Nós todos somos muito amados por Deus, por isso temos que retribuir este amor, através do irmão que sofre, luta pela vida e, “VIDA EM ABUNDÂNCIA”.


Gercina Cardoso - Um exemplo de leiga que assumiu com alegria o trabalho pastoral na PSCJ